"Poluição é a modificação de características de um ambiente de modo a torná-lo impróprio às formas de vida que ele normalmente abriga. No Brasil, 60% dos gastos com internações hospitalares são de pacientes com doenças causadas pela poluição e água contaminada". Mãe que 'ingere agrotóxico pode ter filho com leucemia"
Condições Sanitárias
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 10 milhões de pessoas morrerão infectadas por água contaminada até o final de 2004. O número foi discutido no Fórum Mundial da Água, realizado em 22 de março 2003 na Holanda, quando se comemora o Dia Mundial da Água. O Brasil infelizmente contribui bastante para este resultado. Cerca de 80% do esgoto produzido no país não recebe nenhum tipo de tratamento e é despejado em lagos, rios, mares e mananciais, segundo estudo da Associação Brasileira de Entidades do Meio Ambiente (Abema).
A estimativa do professor Aristides Almeida Rocha, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), é de que para cada dólar que o governo investe em saneamento básico, quatro são economizados em internações hospitalares decorrentes de moléstias provocadas pela falta de redes de água e esgoto. Mas a política de saneamento no Brasil ainda não atende às necessidades da população. Entre 1995 e 1997, 342 mil crianças brasileiras com menos de cinco anos morreram vítimas de doenças relacionadas à falta de higiene. Os gastos anuais do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento desses males chega a 300 milhões de reais. "Entre as doenças relacionadas à contaminação da água as que mais matam estão a leptospirose (transmitida pela urina do rato), hepatite, diarréia e cólera", diz Aristides.
Doenças Relacionadas à Poluição Atmosférica
A poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e partículas sólidas no ar. As principais causas desse fenômeno são a eliminação de resíduos por certos tipos de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, de cimento, etc.) e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aquecimento doméstico. Um relatório divulgado ano passado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), baseado em estudos sobre Meio Ambiente e Saúde feitos na Áustria, na Suíça e na França revelou que a poluição emitida pelos carros nesses países mata mais gente do que os acidentes de carro. O trabalho mostrou, entre outras coisas, que a exposição prolongada à poluição nesses países causou um adicional de 21 mil mortes prematuras por problemas respiratórios ou doenças do coração em pessoas acima de 30 anos.
A relação entre a baixa qualidade do ar e as doenças respiratórias, cardiovasculares e até a saúde dos fetos é bem alta. Quando respiramos a atmosfera poluída, o pulmão não funciona bem e tem dificuldade para filtrar o ar. Dessa forma chega menos oxigênio para o coração, que terá de trabalhar mais para suprir a carência. Por isso, quem já tem um coração debilitado deve ter um cuidado maior. No Instituto do Coração de São Paulo, entre 1994 e 1995, houve um aumento de 16% no atendimento de pacientes com infarto e dor no peito nos dias mais poluídos.
A comprovação dos efeitos nocivos da poluição sobre os fetos, por exemplo, está na pesquisa do médico Luiz Alberto Pereira, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho revelou que, apesar da proteção da placenta e da estrutura do corpo materno, os fetos sofrem com a poluição atmosférica. A equipe constatou que nos dias mais poluídos as mortes fetais tardias foram maiores. Verificaram também que de cada oito óbitos fetais tardios registrados por dia, em média dois podem estar associados à poluição. "Ela não é a única causa da perda do feto, mas aumenta os riscos de morte. Quanto mais poluição, maior o risco", explicou Pereira.
Para respirar melhor, os especialistas aconselham a prática de exercícios. Um bom condicionamento físico diminui o risco de complicações causadas pela poluição porque aumenta a resistência cardíaca. "O ideal é se exercitar em parques e fugir das avenidas movimentadas. Quando não for possível, evite os horários de congestionamento. Procure caminhar bem cedo ou à tardezinha", aconselha Pereira.
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